Matérias-primas mais amigas do ambiente, condições de produção éticas, rastreabilidade e transparência fazem parte das exigências dos consumidores mais novos, que estão a dispostos a pagar mais por isso, segundo um estudo do IFM-Première Vision Chair.
A pesquisa centrou-se nos padrões de consumo dos jovens adultos das faixas etárias de 18 a 24 e de 25 a 34 anos e a sua relação com a moda sustentável.
Num momento em que a ultra fast fashion está a agitar o sector, o estudo revela que uma parte significativa dos jovens está a adotar práticas mais sustentáveis, preferindo marcas que respeitam o ambiente e as condições laborais. Em 2024, 48,8% dos franceses compraram um artigo de moda sustentável, em comparação com 41,1% em 2023. Em Itália (52,6%) e na Alemanha (51,4%), mais de metade da população já compra vestuário sustentável.
Os mais jovens são os mais propensos a adquirir produtos ecológicos: em França, 58,9% dos jovens entre os 18 e os 24 anos e 55,1% dos que têm entre 25 e 34 anos já compraram um. Na Alemanha, 64,9% dos jovens entre os 18 e os 24 anos adquiriram um produto de moda ecológico durante o ano, em comparação com 51,4% da população geral. No Reino Unido, 65,7% dos jovens nessa faixa etária já o fizeram, em comparação com 47,4% da população em geral.
«Os jovens agora esperam que as marcas avancem nos seus compromissos sociais e éticos, com a indústria têxtil ainda a precisar de intensificar os seus esforços em termos de transparência. Na Première Vision, apoiamos todos os atores na concretização destes objetivos, ajudando-os a desenvolver uma moda cada vez mais criativa, sustentável e ética», afirma Florence Rousson, presidente do conselho de administração da Première Vision. A escolha dos materiais é o critério mais importante para determinar a sustentabilidade de um produto, independentemente do país pesquisado. Em Itália, 46,7% da população considera esse o principal fator para uma indústria da moda mais responsável. O Reino Unido e os EUA também ultrapassam os 40% nesse critério.
Para os jovens adultos entre os 18 e os 34 anos, contudo, proteger o ambiente é uma prioridade ligeiramente superior ao critério das matérias-primas utilizadas. Mais de metade (52,4%) dos jovens franceses entre 18 e 24 anos escolhem marcas que promovem condições de trabalho éticas e inclusivas, em comparação com 26,3% da população geral e 38,1% dos que têm entre 25 e 34 anos. Entre os valores que definem as suas marcas favoritas, quase 30% dos jovens franceses entre os 18 e os 24 anos citaram diversidade e inclusão, face a apenas 14,8% da população francesa em geral.
Além das elevadas expectativas em termos de responsabilidade ambiental, a procura por transparência e informação nunca foi tão alta. Entre aqueles que não fizeram uma compra de moda sustentável este ano, a principal razão citada nos EUA (34,5%) e no Reino Unido (37,4%) foi a falta de informação sobre o assunto. Em Itália, o desconhecimento de onde comprar esses produtos é a principal razão (33,8%). Em França, o preço é o motivo mais frequentemente citado (41,3%). O estudo concluiu ainda que os consumidores jovens estão dispostos a pagar mais por um artigo de moda sustentável. Em França, por exemplo, os jovens entre os 18 e os 24 anos estão preparados para gastar 331 euros numa cesta de compras sustentável composta por jeans, uma t-shirt e ténis, em comparação com os 208 euros da população geral. Nos EUA, os jovens dessa faixa etária estão dispostos a gastar 347 euros, enquanto para a população em geral esse valor é de 313 euros.
Os consumidores estão conscientes do custo de produção de um artigo sustentável e estão dispostos a absorver este custo no preço final, desde que tenham a rastreabilidade e a informação ética que exigem. Realizada com uma amostra representativa de 6.000 consumidores de cinco países – França, Itália, Alemanha, Reino Unido e EUA – o estudo oferece, segundo a Première Vision, uma análise detalhada das perceções, hábitos de compra e expectativas dos jovens adultos relativamente à moda sustentável. Os resultados completos serão revelados a 2 de julho, numa conferência com Gildas Minvielle, diretor do Observatório Económico do IFM, na Première Vision Paris.