Saco feito com têxtil de casca de alho premiado

O Sacalho, um projeto de Guilherme Giantini, estudante de mestrado da Universidade do Porto, feito a partir de cascas de alho, venceu um prémio internacional em Paris na categoria de ecodesign. 

O conceito foi desenvolvido no Laboratório de Desenvolvimento de Produtos e Serviços (LDPS) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), no âmbito do Mestrado em Design Industrial e de Produto, com o «intuito de viabilizar a exequibilidade de fabrico, promover a criação de materiais alternativos, de base biológica, aos comumente usados com fins lucrativos no mercado, e que contribuem para o alto impacto e poluição ambiental», descreve uma notícia publicada no portal da Universidade do Porto.

Segundo a instituição, em Portugal «são perdidos, anualmente, cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos e o setor têxtil é responsável por 20% da contaminação da água doce». Já o impacto ambiental de um saco de algodão só pode ser compensado «após 20 mil utilizações consecutivas, fazendo com que seja necessário usá-las, diariamente, por 54 anos», pelo que o Sacalho pode «ajudar a mitigar a pegada ecológica destes artigos».

No desenvolvimento do projeto, descreve Guilherme Giantini no seu website, «a primeira coisa foi a elaboração do biotêxtil. Iniciou-se com a exploração da composição de diversos resíduos alimentares, como borra de café, cinzas de madeira, alho, cenoura, cebola, batata, casca de ovo e amendoim, no desenvolvimento, análise e avaliação de um biotêxtil com propriedades físicas semelhantes às de um tecido, por isso foi escolhido aquele feito de casca de alho, muito típico da cozinha mediterrânea».

Segundo o designer, as propriedades mecânicas deste novo biotêxtil foram caracterizadas em comparação com os tecidos de algodão e não-tecidos – materiais usados frequentemente na produção de sacos, «para obter dados concretos e científicos sobre a resistência».

O material obtido com casca de alho foi então aplicado na produção de um saco, «cujo processo de design paramétrico permitiu personalizar as dimensões do produto, gerar opções de padrões geométricos e otimizar a fabricação dos moldes modulares de produção, sobre os quais se mistura o biomaterial. Após dois dias, a mistura foi desenformada e o biotêxtil de casca de alho foi costurado», explica Guilherme Giantini.

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Guilherme Giantini

O projeto de design de Guilherme Giantini contou com a mentoria científica de Lígia Lopes, diretora do Mestrado em Design Industrial e de Produto da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e com o apoio ao fabrico de Jorge Lino Alves, docente da Secção de Materiais e Processos Tecnológicos do Departamento de Engenharia Mecânica da FEUP.

O projeto, que tinha já sido apresentado na Lisboa Design Week deste ano, venceu agora os prémios DNA Paris Design Awards 2024 – que distinguem o trabalho de arquitetos e designers internacionais, que melhoram o nosso quotidiano através de um design prático, bonito e inovador – na categoria de ecodesign de produto no segmento estudantes.

Sursa
Portugal Textil
Fotografie
Guilherme Giantini