Investigadores tricotam sólidos

Usando o mesmo princípio de funcionamento de uma impressora 3D, mas usando fio têxtil, uma nova máquina de tricotagem tridimensional poderá, no futuro, permitir fazer facilmente mobiliário e outros objetos.

O processo, a que os investigadores na Escola de Ciências da Computação da Universidade Carnegie Mellon chamaram tricotagem sólida, poderá permitir que os têxteis avancem ainda mais na indústria do mobiliário, não só como revestimento, mas como base na produção de mesas, cadeiras e outros objetos.

A ideia de Yuchi Hirose tem mais de uma década, mas só agora, integrado numa equipa de investigação liderada por James McCann, professor associado do Instituto de Robótica da instituição de ensino, ficou mais perto de se transformar em realidade.

«O meu sonho é ter estas máquinas de tricotagem sólida em todo o mundo», afirma Yuchi Hirose.
A tricotagem sólida funciona mais ou menos como a impressão 3D, criando formas camada a camada de laçadas. «Pode ser difícil de entender o conceito», assume James McCann, que lidera também o Carnegie Mellon Textiles Lab. «Mas é uma ideia muito gira e muito promissora», garante.

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A máquina idealizada por Yuchi Hirose, tal como os modelos comerciais convencionais, usa filas de agulhas com pontas para manipular fio e fazer laçadas, que são sobrepostas e criam formas sólidas em vez de um têxtil bidimensional. O primeiro protótipo foi apresentado numa conferência anual de computação e técnicas interativas.

Com o tamanho de uma máquina de secar roupa, ainda está limitado no tipo de formas e no tamanho das mesmas – é capaz de produzir prismas triangulares e retangulares de vários comprimentos. O objetivo é criar uma máquina que consiga produzir objetos sólidos automaticamente, mas os investigadores reconhecem que é necessário mais trabalho para melhorar a operação.

Atualmente, a máquina estica bastante as laçadas de fio, pelo que os investigadores usaram cordão elástico como material, que permite, ainda assim, criar malhas sólidas «surpreendentemente firmes», aponta James McCann. «Parece uma pilha de feltro ou a sola de um sapato», descreve.

Embora, neste momento, esteja limitada em termos de capacidade produtiva, os investigadores sublinham que é possível usar a técnica para fazer formas mais intrincadas e maiores, como um par de sandálias.

Para o futuro, Yuchi Hirose revela que a investigação deverá tomar dois rumos: por um lado, construir uma máquina muito maior para produzir mobiliário e, por outro, fazer uma máquina mais pequena para objetos precisos.

«Esperamos que outras pessoas construam as suas próprias máquinas de tricotagem sólida e surjam com ideias que ainda não exploramos», afirma James McCann.

Fonte
Portugal Textil
Fotografia
Pickpik