Vestiaire Collective retira marcas de fast fashion

A plataforma baniu 30 marcas de moda, incluindo Zara, H&M e Gap, como parte do seu plano para, em três anos, deixar de vender artigos de fast fashion e contribuir para responder ao desperdício na indústria. Depois de ter anunciado, no ano passado, um plano para remover progressivamente em três anos marcas de fast fashion da sua plataforma, a Vestiaire Collective passou das palavras aos atos e vai mesmo remover 30 marcas, incluindo H&M, Zara, Uniqlo e Mango. 

O anúncio foi feito pelas fundadoras da plataforma, Fanny Moizant e Sophie Hersan, numa carta publicada no website da Vestiaire Collective. 

«A Vestiaire Collective embarcou numa missão para mudar a indústria da moda para um futuro mais sustentável. Há quase 15 anos que colocamos toda a nossa energia nessa missão», começam por escrever. «Dentro de alguns dias será novamente Black Friday, um momento do ano em que o consumo vai disparar, sobretudo de fast fashion. É esse momento que escolhemos para começar um movimento e pedir aos consumidores para “Pensar primeiro, comprar depois”. Convidamos todos a fazerem parte dele», explicam. 

«Todos os anos, a indústria da moda produz 100 mil milhões de peças de vestuário. A Zara e a H&M sozinhas produzem mais de mil milhões de peças por ano. À medida que consumimos mais e usamos menos, 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados anualmente – a maior parte proveniente de marcas de fast fashion. Isto é suficiente para encher o Empire State Building todos os dias e tem um enorme impacto ambiental e social», sublinham.

A Vestiaire Collective define fast fashion como preços muito baixos, atualizações frequentes de coleções, ampla gama de produtos, períodos promocionais intensos e frequentes e ciclos de produção rápidos. A plataforma sugere que o primeiro passo para enfrentar o crescente problema de desperdício da indústria é dizer totalmente não à fast fashion e sair do que descreve como um sistema «desatualizado e explorador», em que se compra mais produtos de baixa qualidade, que são menos usados. Destacando que comprar vestuário em segunda-mão na Vestiaire Collective em vez de comprar uma peça nova «evita em 90% o impacto ambiental», as fundadoras pretendem com a iniciativa «consciencializar para a importância de comprar menos e melhores artigos de moda.

A Vestiaire Collective juntou forças com a associação americana Or Foundation para fazer lobby junto dos governos a favor da legislação de responsabilidade alargada do produtor e vai trabalhar em soluções práticas, incluindo reciclagem, upcycling e doação construtiva para os itens de fast fashion que já possuem. A meta da Vestiare Collective é ser 100% livre de fast fashion até a Black Friday do próximo ano.

H&M responde

Em resposta à proibição, um porta-voz da H&M afirmou ao Just Style que a retalhista sueca respeita a decisão da Vestiaire Collective, mas esclareceu que tambéme partilha o mesmo ponto de vista da plataforma de moda no que diz respeito a impulsionar uma mudança coletiva em direção a uma economia circular. «Na H&M queremos tornar a moda sustentável mais acessível para muitos. Acreditamos que precisamos de explorar novas formas de consumir e produzir moda e é por isso que estamos a testar e a investir numa gama de serviços de aluguer e reutilização. Queremos oferecer diferentes opções aos nossos clientes e incentivá-los a explorar as nossas coleções de diferentes maneiras, ao mesmo tempo que mantemos os produtos como parte do sistema circular. Também trabalhamos com outras plataformas de revenda onde vemos que os clientes realmente apreciam a oportunidade de comprar peças usadas de coleções anteriores».

Fonte
Portugal Textil
Fotografia
Rawpixel