Merchandising musical: a solução estratégica para músicos que desejam construir e fortalecer sua marca

Da turnê recorde de Taylor Swift ao império bilionário que Rihanna construiu com sua marca de beleza Fenty, descubra como estrelas da música aplicam estratégias de merchandising para gerar receitas que chegam a superar os valores pagos pelas plataformas de streaming.

Nada se compara a ver uma apresentação ao vivo de nossos músicos favoritos – e parece que cada vez mais pessoas querem ter essa experiência. A recente turnê “The Eras Tour”, de Taylor Swift, foi a mais lucrativa da história, com um público total de mais de 10 milhões de espectadores e uma bilheteria de mais de US$ 2 bilhões. Enquanto isso, após 15 anos de separação, a banda de rock britânica Oasis anunciou recentemente que realizará uma série de shows em julho e agosto de 2025. Os ingressos se esgotaram em questão de minutos.

A popularidade dos eventos ao vivo mostra como os fãs valorizam a conexão com seus músicos e bandas favoritos. Para muitos fãs, comprar suvenires e produtos oficiais é uma forma de continuar esse relacionamento e criar um vínculo com seus heróis.

Por conta dos retornos limitados obtidos com as vendas de discos e serviços de streaming, os artigos de merchandising vêm desempenhando um papel cada vez mais importante para as estrelas da atualidade. De acordo com um relatório recente da MIDiA, o mercado global de merchandising alcançará US$ 16,3 bilhões em 2030.

“Com o merchandising, os músicos podem maximizar os benefícios de seus direitos de PI, diversificando suas receitas e expandindo sua marca, além de criar mais maneiras de se conectar com os fãs”, diz Hayleigh Bosher, professora adjunta de direito de propriedade intelectual na Brunel University de Londres, no Reino Unido.

Ocorre, porém, que uma estratégia de merchandising exitosa exige uma gestão cuidadosa dos direitos de PI, como marcas e desenhos industriais, e a negociação de licenças e contratos com terceiros.

Merchandising no hip-hop: uma revolução na gestão de marca

Quem já foi a algum show ou loja de discos a partir da década de 1960 conhece bem a variedade de produtos à venda para fãs de artistas e bandas, de camisetas e cartazes a chaveiros e brinquedos.

Em alguns gêneros musicais, no entanto, o merchandising sempre teve uma contribuição mais significativa. Kevin Greene, professor da Southwestern Law School, em Los Angeles, Califórnia, destaca que, na década de 1980, os artigos de merchandising passaram a adquirir uma importância ainda maior para os artistas de hip-hop.

Greene, que recentemente publicou um artigo intitulado “Fim dos direitos de autor? A ascensão das marcas e dos direitos de publicidade na indústria da música hip-hop”, diz à Revista da OMPI: “Para muitas comunidades marginalizadas, a indústria musical era injusta, excludente e corrompida. Mas o hip-hop trouxe consigo o espírito de luta da periferia”.

O docente argumenta que, historicamente, a PI discriminava os criadores musicais afro-americanos em benefício das grandes multinacionais: técnicas como a do sampling – que consiste em reutilizar uma porção (sample) de um som já gravado em uma nova gravação – eram condenadas e o sistema de direitos de autor não reconhecia adequadamente as obras criadas por afro-americanos. Segundo Greene, a situação começou a mudar quando, em 1986, a banda de hip-hop Run DMC “chegou chutando a porta” ao se tornar a primeira banda a firmar uma parceria com uma grande marca esportiva, lançando a canção “My Adidas”.

A estratégia da Run DMC foi seguida por outros artistas como Drake e Travis Scott (ambos com a Nike), Jay-Z (Puma) e Cardi B (Reebok). Hoje, diz Greene, “ter um contrato com uma marca logo de cara é quase que obrigatório”.

Marcas de roupa de celebridades e colaborações no universo da moda

Alguns músicos chegam a criar suas próprias marcas de moda ou trabalham com grifes de luxo na criação das peças. Rihanna lançou sua marca de produtos de beleza Fenty Beauty em 2017 e liderou a marca de moda Fenty (pertencente ao grupo LVMH) de 2019 a 2021. Em 2014, a artista também iniciou uma parceria com a Puma, assinando a linha de produtos Fenty X Puma. Segundo estimativas, Rihanna tem uma fortuna de cerca de US$ 1,4 bilhão, derivada em grande parte da Fenty Beauty e de seus outros empreendimentos comerciais.

Uma das decisões mais importantes que os músicos precisam tomar é se desenvolverão sua própria marca, garantindo total controle e liberdade criativa, ou trabalharão com um licenciado.

O músico estadunidense Pharrell Williams atualmente é diretor criativo da linha masculina da grife Louis Vuitton. Em janeiro de 2025, Williams e o DJ e estilista japonês Nigo apresentaram uma coleção de streetwear masculino na Semana de Moda de Paris que foi aclamada pela crítica.

E o dinheiro não está só na indústria da moda. A rapper Megan Thee Stallion, por exemplo, tem contratos com a Nike, Revlon, Cash App e Popeyes. Em 2014, o lendário artista e produtor Dr. Dre vendeu sua empresa de fones de ouvido Beats by Dre para a Apple por US$ 3 bilhões.

Fonte
WIPO Magazine
Fotografia
goodfon